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GORDURA

de Gabi Bresola a partir de Pablo Katchadjian

a partir de Jorge Luis Borges

2019

 

Um edição apropriada que segue o formato e as especificações formais do livro original Aleph engordado, medindo 13x7cm, em papel Pólen, no miolo, e Color Plus Milano 120g/m², na capa. A impressão do título é em serigrafia com tinta amarela. Gordura mantém as características gráficas do original, mas acresce uma sobrecapa em formato de cartaz.

 

Em um exercício de seminário acadêmico sobre apropriação na literatura e nas artes visuais, o grupo, formado por Gabi Bresola, Michal Kirshbaum e Marcos Walickosky, traduziu a sentença final do processo do Aleph engordado — o famoso caso em que María Kodama processou Pablo por ter adicionado palavras ao texto original El Aleph, de Jorge Luis Borges, caracterizando o procedimento como plágio e reprodução não autorizada — a tradução do texto revelava impressões jurídicas sobre a ideia de apropriar-se do texto alheio para tecer o seu próprio. Para a defesa de Pablo Katchadjian, foi preciso que a equipe de advogados de ambos os lados contassem a quantidade de palavras adicionadas, pois a lei permite a reprodução a partir da quantidade. A contagem concluiu que foram 5.600 palavras, as quais eram referidas na redação do processo pela defesa de Pablo, de María e pelo juíz, como “gordura”. Esta palavra empregada no título já anuncia o procedimento desta apropriação da apropriação.

 

Gabi Bresola reproduz o original de Aleph engordado de Pablo a partir de Borges; mantém toda a estrutura e mancha de texto do original, porém, todo o texto de Borges é apagado. Apenas o texto das adições, as gorduras, incluídas por Pablo, ficam visíveis. A sobrecapa tem, como uma impressão vazada, a estampa a tradução do processo judicial, já publicada na Hay en portugués nº 8 (disponível aqui). A ideia do procedimento de apropriação de Gordura foi apresentada para Pablo Katchadjian antes de sua publicação, o mesmo respondeu o emeio de “pedido de autorização” com: Querida Gabi, hola. Me alegra que haya quedado linda y que a todos les haya gustado. Con respecto al Aleph ese, me pasa lo siguiente: a mí el libro me parece que está bien, no tengo nada contra el libro. Pero... me pasa cada vez más como a los rockeros cuando les piden un hit y se ponen locos o abandonan el escenario. A veces yo, que soy de naturaleza amable, respondo mal cuando alguien me habla de esto. Así que, sobre si publicarlo o no, mi respuesta es no, no quiero, quiero que lean las otras cosas que hago y, en todo caso, no seguir alimentando a ese monstruo. Es un sentimiento normal, supongo. Dicho esto, te mando besos a vos. P.

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