O TIPÓGRAFO E A CATATIPO
de Gabi Bresola com Ednilson Neckel
2019
Edição de livro em tamanho 14x21cm, formato paisagem. Impressão toda em tipografia. Na capa de papel camurça rosa, a palavra “tipógrafo”, em alinhamento reto justificado, e a palavra “catatipo” é impressa com espaçamento irregular, indicando um suposto alinhamento errado da matriz, ambas em preto. As fontes, de tipos móveis, variam de família. O miolo de papéis sulfite colorido tem impressão de clichês com desenhos variados: cachorrinhos, computadores, arcadas dentárias, órgãos humanos, peças automotivas, árvore, caminhãozinho, representações de pessoas: mulher com cabelo longo, mulher lendo um livro, homem com enxada na mão, criança com mochila, etc. Todos impressos em preto, ocupando as páginas como padrões de estampa. Entre os desenhos, textos são inseridos na cor rosa, variando com fontes diferentes para cada frase.
Esta publicação surgiu em janeiro de 2019, da convivência de Gabi Bresola com Ednilson Neckel, durante a impressão do livro História do incêndio da igreja de Chapecó quando trabalharam juntos por um mês.
Ednilson não é um tipógrafo que sabe a história da família Helvetica, tampouco sabe os nomes oficiais das fontes, pois na sua tipografia é ele mesmo quem batiza, colando com fita durex nas gavetas: “fina”, “meia grossa”, “de jornal”, “clara”, “imendada”, “preta forte”. O tipógrafo, apelidado de Pitty, há mais de 30 anos, imprime todo tipo de material: de nota fiscal a bilhete de rifa, até cartão de visita. Nunca estudou tipografia nem design, mas conhece cada pecinha da Gutenberg que mexeu pela útlima vez na impressão do título mencionado. A cada processo que o livro passava, Pitty dava uma aula prática para Gabi, ensinando-a a decorar a ordem do alfabeto na caixa de tipos; em como olhar no sentido certo as letras p, b, q, d, (já que em formato físico, elas todas são iguais); em como calcular espaços entre linhas e letras, as quantidades do vazio em números. Gambiarras gráficas, ditados inventados, lembranças de toda sua trajetória eram feitas e ditas de modo simplório e cheio de gírias durante o processo. Todas eram anotadas por Gabi, apelidada de Catatipo — já que demorava muito tempo, em relação ao tipógrafo, para escrever palavras de chumbo.
Ao final do processo, Pitty deu de presente 3 caixas de clichês para Gabi, já que a gráfica estava fechando no mês seguinte, e com isso, tudo seria derretido.
Da amizade e relação de mestre e aprendiz, este livro é um arquivo afetuoso da experiência, mas que pode ser lido como um guia tipográfico e que até pode ser considerado como conhecimento empírico, mas é tão complexo e oficial quanto tudo que a editora já leu e entendeu sobre tipografia e design gráfico nos livros e aulas sobre o assunto.