PODER EXECUTIVO
de Gabi Bresola
2018
Edição de cartaz. Impresso em papel Glassine 1x0, com fundo preto e texto em branco. Possui duas versões em papel sulfite A4 e A3. Uma massa de texto preenche o fundo do projeto gráfico, um compilado de frases que destacam nomes e relatam acontecimentos reais, como: “JOSÉ COLÍRIO OLIVEIRA GUAJAJARA era cacique da Aldeia Travessia, na Terra Indígena Cana Brava, no estado do Maranhão. O líder indígena lutava, como muitos da sua tribo, contra a invasão das terras indígenas e exploração dos seus recursos, em particular, por madeireiros. No dia 26 de Setembro de 2016, três dias depois da morte de José Queirós Guajajara, José Colírio foi assassinado com um tiro à queima-roupa em frente à sua família”. No meio da massa de texto, está localizada a palavra: PODER EXECUTIVO, em caixa alta, na fonte Co-helvetica negrito.
Em 9 de dezembro de 1998, a Assembleia Geral das Nações Unidas lançou a Resolução 53/144, com a “Declaração sobre o Direito e a Responsabilidade dos Indivíduos, Grupos ou Órgãos da Sociedade de Promover e Proteger os Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais Universalmente Reconhecidos (Defensores de Direitos Humanos). Em um dos artigos, a Declaração destaca o papel dos Estados, que possuem o dever de “adotar medidas adequadas no plano legislativo, judicial, administrativo e outros a fim de promover a compreensão por todas as pessoas sujeitas à sua jurisdição dos respectivos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais”. Uma declaração que não foi levada a sério pela maioria dos países. Em 2017, foi lançado o banco de dados do HRD Memorial, para elencar todos os defensores de direitos humanos (DDHs) mortos desde que a Declaração entrou em vigor, o sítio hrdmemorial.org.
Este cartaz desdobra a palavra “executivo” a partir de um Governo de Estado que se coloca no lado oposto ao das vítimas. Há um jogo visual que parte deste contexto, com tamanho de fontes: PODER EXECUTIVO no tamanho grande para ser visto de longe, em contraponto com um texto com nome e dados de todos os ativistas brasileiros\as, em tamanho bem menor. Os nomes e fatos foram retirados do HRD Memorial, colocando-se como um único texto, uma malha de palavras que só pode ser lida de perto. Uma proposta visual de leitura na forma literal que sugere uma leitura política.
Poder executivo foi o Boletim 12 da par(ent)esis, em maio/2018; fez parte da exposição Reunião do Clube do Múltiplo no Museu Victor Meirelles, em junho/2018; foi exposto no “Encontro de Filosofia e Arte: a urgência da arte” em formato de banner (3mx1m45), em outubro/2018; e, integrou uma inserção na exposição reimpressa hacia un perfil del arte latinoamericano.