PRA MORRER
de Corbélia Alves
2016
Múltiplo de papel em fita de plástico fosco com letras adesivas douradas de funeral, cinco unidades colocadas em pequenos rolos dentro de embalagem de papel amarelo cintilante 90g/m², com o título “pra morrer” em hotstamp ouro envelhecido, e, uma cartela de plástico rígido com o texto da autora e créditos impressos. Fechado no tamanho 10x10cm.
Corbélia foi, originalmente, uma artista floral mas sempre aspirante a escritora. De sua convivência diária na floricultura, onde trabalhou enquanto não concluía o curso de Letras e não trabalhava na área, e com pesquisa em escrita criativa e não-criativa, constatou os textos que escrevia no seu trabalho. Em atendimentos de serviços florais para nascimentos, casamentos, formaturas e funerais, escrevia cartões, mensagens, parágrafos e outros textos para os clientes, além de passar um tempo com eles discutindo sobre o que era escrito. Atentou assim, para os episódios de funerais como fonte para desenvolver um trabalho de escrita.
Selecionou tanto frases que escrevia para faixas inseridas nas coroas funerais, quanto frases clichês que eram repetidas na floricultura e nos velórios em todas as vezes em que uma notícia de morte aparecia e que ela ouvia enquanto dispunha crisântemos no defunto. A publicação traz cinco rolos com parte dessas frases: "Para morrer basta estar vivo", “Morre gente que nunca morreu antes”, “Descansou”, “Melhor morto do que vivo e sofrendo”, “Quem é vivo sempre aparece” e “Deus me livre, mas mereceu”. O texto da cartela é uma narrativa de humor mórbido, com detalhes de pessoas/personagens que falaram as frases e as circunstâncias em que foram ditas durante os velórios e debatidas.
A tiragem foi de sete exemplares numerados, devido ao alto preço de compra da tipografia adesivada. Teve seu primeiro lançamento na floricultura Arte Flores e contou com um debate da autora com Andreia Zanella e Grazielli Alves, duas floristas especializadas no processo de produção floral em ocasiões mortuárias, na produção de arranjos e decoração dos caixões, abordando flores e morte e a relação com os clientes que são recebidos por elas em seus estados de luto recente.
Depois deste múltiplo, as frases se desdobraram em títulos de capítulos de um romance de artista, com o mesmo título, que Corbélia desenvolveu na Residência do Espaço Arte Contemporâneo, em Montevidéu/UY, 2018.