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MESMO PROIBIDO, OLHAI POR NÓS

de Felipe Martins

2018

Edição em formato de folheto impresso no tamanho de 10,5x14,8cm, em Couchê com impressão em 4x1 cores. Em um dos lados, o texto “Oração ao Cristo mendigo”. Uma imagem de santo no lado oposto. Há duas variações de imagem. O formato apropriado de santinhos é um desdobramento da instalação Mesmo proibido, olhai por nós, que reuniu diversas esculturas em gesso de santos da igreja católica e do sincretismo, escondidos por lona e sisal, com placas de metal anexadas na base, sobre os nomes originais de cada santo, repetindo a frase que intitula a instalação.

 

A frase e o contexto do trabalho surgiram da pesquisa e resgate histórico do desfile da Escola de Samba Beija-flor, no carnaval de 1989, que tinha o enredo Ratos e Urubus, Larguem a minha Fantasia. Na ocasião, o carnavalesco da escola, Joãosinho Trinta, construiu um Cristo Mendigo como alegoria. O tema e figura do Cristo causou polêmica antes mesmo do desfile, provocando fúria em religiosos e levando o arcebispo Dom Eugênio Sales a entrar com um pedido judicial para proibição do uso da imagem. O pedido foi aceito pela justiça, mas mesmo assim, a escola entrou na avenida com Cristo Mendigo acompanhado de uma faixa com a frase “Mesmo proibido, olhai por nós” e coberto por uma enorme lona preta e que ao longo do desfile foi rasgada por todos que sambavam ao redor dela (https://www.youtube.com/watch?v=ykt0KMvgbDU).

 

Esta publicação parte da pesquisa de Felipe que pensa a Escola de Samba como espaço educativo, utilizando a história do samba no Brasil e elementos que compõem um desfile como diretrizes para o ensino de arte e da história cultural brasileira. Os métodos de educação se estende para a longa história do povo negro no Brasil, que foi obrigado a omitir sua religiosidade escondendo seus santos desde a vinda no navios negreiros até hoje, quando ainda há uma séria preocupação em esconder os terreiros para evitar ataques. Assim, este trabalho acontece com uma linguagem em forma de prece.

 

Os santinhos são distribuídos gratuitamente e foram inseridos/ infiltrados em mobílias dispostas para panfletos de oito igrejas de Florianópolis/SC, e também em Laguna/SC, cidade escravocrata e rota de comércio de escravizados nos séculos passados, onde o artista nasceu e atua como militante do movimento negro, no Instituto Ganga Zumba.

MESMO PROIBIDO, OLHAI POR NÓS

R$ 5,00Preço
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