A GENTE CULTIVA ELA E ELA CULTIVA A GENTE
de Mariana Berta
2018
Um livro pequeno, formato A6, com capa e páginas de papel Pólen 80g/ m² com fotografias e texto impressos em preto. A capa leva a imagem de fundo do trançado de palha que recebe por cima dela uma imagem de um broto na cor lilás, produzida com um carimbo feito de sabugo de milho. O título, assim mesmo em caixa baixa, “a gente cultiva ela e ela cultiva a gente”, só estampado na folha de rosto, faz referência à música “Caminhos alternativos”, de Zé Pinto, gravada no disco Cantares da Educação no Campo, 2015.
Mariana enviou uma mensagem para o Movimento das Mulheres Camponesas de Santa Catarina/MMC, através da assessoria de comunicação do movimento. A mensagem iniciava uma conversa sobre definições de imagens artísticas daquele contexto tão longe da capital. A conversa seguiu com troca de fotografias de celular que foram a matéria para edição deste trabalho. A artista descreve essa publicação da seguinte maneira: “Tudo nesse singelo livrinho na verdade é uma enganação. Pra começo de conversa ele não é nada singelo. Fruto da parceria entre uma artista que na verdade é uma camponesa e três camponesas que na verdade são artistas, ele traz uma série de registros fotográficos que tentam esconder atrás de sua simplicidade técnica todo um conjunto de evidências e de lutas que remontam aos conflitos mais perenes da história da humanidade: a luta de classes e a luta pelo fim do patriarcado. A criança que sova o pão com a avó é mais subversiva do que parece, porque vai de encontro aos interesses dos grandes donos da terra no Brasil, os que em mais de 500 anos de invasão, movidos pela cobiça insaciável por lucros, sugam da terra sua vitalidade, masculinizam a natureza e sojificam o Brasil”.
a gente cultiva ela e ela cultiva a gente foi parte integrante do Sagu, nome do projeto de pesquisa realizado por Mariana, no Trabalho de Conclusão de Curso de Artes visuais (UDESC). Sua versão impressa foi distribuída somente durante o VIII Encontro da Rede de Estudos Rurais, em agosto de 2018, no evento de 35 anos do Movimento de Mulheres Camponesas/MMC, em um espaço expositivo de feira, onde todas as mulheres participantes da publicação expunham seus produtos coloniais e trocavam sementes crioulas. Dividiu espaço com diversos outros livros escritos por mulheres do movimento, que também estavam sendo lançados. Depois disso, foi incorporado ao acervo de referência do Centro de Formação Maria Rosa, em Chapecó/SC.